Ficara sentada à mesa a ler o Diário de Notícias, no seu roupão de manhã de fazenda preta, bordado a sutache, com largos botões de madrepérola; o cabelo louro um pouco desmanchado, com um tom seco do calor do travesseiro, enrolava-se, torcido no alto da cabeça pequenina, de perfil bonito; a sua pele tinha a brancura tenra e láctea das louras; com o cotovelo encostado à mesa acariciava a orelha, e, no movimento lento e suave dos seus dedos, dois anéis de rubis miudinhos davam cintilações escarlates.
Um asno pachola e pedantissimo atormentava a paciencia dum humilde burro de corroça, desses que reconhecem o seu lugar na terra. Zurrava o asno, declamava, provava que era elle um talento de primeira grandeza, e sabio como nunca appareceu igual no mundo.
O outro, quieto, ouvia, de orelhas murchas, pastando.